sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Série A Criatura 25/28


A CRIATURA



Conforme anunciamos na apostila anterior, nesta começaremos a análise que comentará sobre as fases evolutivas da Mônada, acontecidas no intervalo vivencial em que participa do reino Humano.
O raciocínio a nortear nosso estudo lembra que os seres humanos se distribuem em grupos sociais diferenciados entre si. Devido a essa diferenciação, que no fundo corresponde à aparente qualidade evolutiva dos indivíduos, os grupos ocupam níveis variados.
A figura 25A ilustra tais posições. Para transmitir a idéia sem nos aprofundar em detalhes mais complexos, estamos considerando um escalonamento de tendências calcado em apenas cinco posições, ou degraus.
Nesses cinco degraus ficam, neste nosso trabalho, representadas as categorias da sociedade humana que mais chamam a atenção. As categorias escolhidas nos parecem suficientes para tornar visíveis os recursos que o Governo Maior de nosso Sistema Planetário se utiliza para impulsionar a Criatura terrestre em sua senda de progresso, bem como para a correção dos transviamentos de rumos.
Essa visualização também revela os ciclos irresistíveis do fluxo de vida, que nesta fase é ascendente. Na figura, portanto, temos as seguintes categorias assim por nós denominadas:
1 - O Silvícola
2 - O Servidor
3 - O Perseguidor de Riquezas
4 - O Ambicioso de Poder
5 - O Cultivador do Saber
Uma questão digna de nota precisa, antes de tudo, ficar bem compreendida. Apesar de neste estudo ainda não termos esmiuçado os assuntos referentes à reencarnação e ao carma, temas que são vistos nas séries Reconstrução e Inevitável Despertar, devemos lembrar, porém, que o próprio fato da existência de diferenciações evolutivas entre indivíduos, e grupos de indivíduos, leva à seguinte conclusão: nas reencarnações as tendências e determinações cármicas atingirão diferentemente cada grupo, no que concerne aos seus deveres coletivos.
Isto porque o dever coletivo de cada grupo tem a extensão de sua respectiva competência. Por decorrência, cada indivíduo, em seu respectivo grupo, por sua vez, também estará inserido nessa mesma diferenciação. Essa inserção do indivíduo num grupo específico, corresponde à possível contribuição que ele deverá dar para que, somada à dos demais indivíduos, se complete a tarefa coletiva daquela categoria.
Comparativamente podemos ver isso da seguinte forma: os indivíduos são as células; os grupos de indivíduos são os órgãos, e o conjunto de grupos o corpo. Daí, tal como o corpo reclama a contribuição de cada célula para que o respectivo órgão funcione bem, e que se juntando aos outros órgãos consolidem um corpo saudável e feliz, assim também se faz necessária a participação equilibrada de todos os indivíduos para que a sociedade humana, que é um grande corpo, se torne saudável e feliz. Mas voltemos ao tema analisando o primeiro degrau.
O SILVICOLA
Na base da escala evolutiva humana da Terra temos o silvícola, também chamado de índio, ou aborígine.
Ele nada pode oferecer de produtivo dentro dos padrões industriais e mercantilistas do homem da cidade. Faltam-lhe condições intelectuais para isso.
Como vimos na apostila 12, seu psiquismo, e principalmente o corpo Mental, ainda não oferece condições para vivenciar um campo de atividades tão complexas. Está nas primeiras encarnações humanas e, como tal, necessita continuar habitando o ambiente das matas, no qual teve suas últimas experiências quando passou pelos reinos Animal e Elemental.
Esses primeiros contatos da Mônada, usando um corpo humano, com a simplicidade florestal visam ir desligando-a dos automatismos instintivos, levando-a, aos poucos, de encontro a situações que lhe exijam maiores exercícios de raciocínio para tomadas de decisões. Porém, isso sendo feito de maneira gradativa, um pouco em cada encarnação, para não provocar traumas ao seu psiquismo.
Se ele nada pode oferecer à contingência da sociedade dita civilizada, por outro lado dele nada deve ser exigido. Ele precisa apenas do contato com a natureza, tal como ela é, para, na experiência de atividades rudimentares, próprias do ambiente, ir despertando a mente analítica.
Ele compreende bem das plantas e dos animais, e com estes convive pacífica e equilibradamente. Recursos que lhe são suficientes para um viver digno. Ali está a sua cultura social e nela vive muito bem. Porém, a chamada civilização força-o a vivenciar o poder e sedução da tecnologia que o mesmo só entenderá, sem traumas, quando estiver situado no quarto degrau.
Movido por ambição o homem "civilizado" violenta esse equilíbrio, obrigando ao indígena a transformar-se, social e culturalmente, de uma hora para outra, sem que tenha base para isso.
Para mascarar esse despropósito autoridades e grupos econômicos usam do argumento de que o fazem no intuito de civilizar o índio. Chegam ao absurdo de obrigar ao simplório habitante das matas a crer num deus para o qual ele ainda não tem raciocínio para compreender, impingindo-lhe, interesseiramente, os mais diversos tipos de religião, pois até eles lá vão, se disputando, os ditos "missionários" religiosos. Cada um, de unhas e dentes, fincando sua bandeira e defendendo seu pedaço de fiéis conquistados. Fiéis ?
São, realmente, missionários religiosos ?, ou ainda são os obscuros costumes da idade média, quando os habitantes de uma região eram obrigados a serem pertencentes à religião ali predominante.
Violenta-se, desta forma, o que deveria ser o transcurso natural de sua evolução, causando no silvícola dificuldades de sobrevivência e retardamento de adaptação que lhe facultaria atingir o degrau futuro com uma base mais segura.
Portanto, o DEVER contributivo do indígena para com toda a coletividade humana é dos mais simples, se considerados e comparados aos nossos níveis. Mas, compreenda-se, é exatamente no bojo dessa aparente simplicidade que ele tem os seus instrumentos de evolução, pois as dificuldades e perigos que encontra na caça, na pesca e nas enfermidades, que é a sua luta pela sobrevivência, são as alavancas que o elevam, com naturalidade, ao segundo degrau.
Desta forma, após muitas peregrinações terrestres, reencarnações que se repetem a curtos intervalos de permanência no plano Astral, e já num estágio mais avançado de compreensão quanto ao aproveitamento dos recursos que a vida oferece, ele vai perdendo a pachorrenta indolência. Vai ficando mais ativo e sendo atraído para um meio de maior operosidade, embora que ainda num círculo de atividade humilde.
Agora está apto ao segundo degrau.

O SERVIDOR
Nessa categoria da evolução humana vamos encontrar o indivíduo que denominamos de Servidor. São os nossos companheiros da sociedade terrestre que só conseguem se adaptar aos trabalhos mais simples e modestos. Não que a sociedade os submeta à posição de inferioridade. Eles é que não conseguem desempenhar atividades de maior complexidade operacional. Seus corpos Astral e Mental, no início dessa fase estão, apenas, pouco mais adiantados se comparados à fase anterior. Em razão disso, e dada à complexidade da vida na sociedade dita "civilizada", pouco à ela eles se adaptam.
Mas aqui cabe uma informação: Queremos lembrar que junto aos DEVERES de um indivíduo para com a sociedade, caminham as Leis da Reencarnação e do Carma. Isso vem de significar que, assim como nas posições mais humildes da sociedade encontramos espíritos evoluidíssimos, sem que isso implique ser o mesmo um não evoluído, também nas mais altas camadas humanas veremos os postos serem ocupados por espíritos os mais corruptos, ou involuídos. Queremos dizer que posições na sociedade humana não significam as mesmas posições no contexto evolutivo cósmico. Portanto, dissemos acima que sobre a qualidade evolutiva dos indivíduos, o que vemos pode ser só aparente, e não a realidade intrínseca.
O fato de evoluídos ocuparem posições humildes, e de involuídos assomarem cargos de destaque, aqui na Terra, ocorre em virtude de que a resolução dos problemas reencarnatórios e cármicos se dá pela aplicação da fórmula de simultaneidade. Isto é, as soluções visam atingir, simultaneamente, o indivíduo e a coletividade de que faz parte, numa fórmula diretamente proporcional às necessidades desta.
Nossa visão restrita e imperfeita, atrelada a preconceitos, é que enfoca apenas o indivíduo, e sua aparente forma com que se apresenta, deixando passar despercebido o motivo pelo qual ele se insere daquela forma no contexto daquele momento e daquela sociedade.
Para melhor compreensão citaremos dois exemplos:
1º - Jesus - O sublime mestre, espírito de escol, componente do Governo Maior de nosso sistema, encarnou-se em modesta família de carpinteiros, e como tal viveu. Ao longo de sua vida terrestre recusou todos os favores e seduções do poder humano. Sendo maior se fez menor, pois sua mensagem - que era seu DEVER naquele momento - era para atingir os indivíduos em espírito.
2º - Hitler - Espírito detentor das mais obscuras sombras de caráter. Assomou ao maior poder humano de sua época e, como instrumento de efeitos - o seu DEVER naquele momento da sociedade humana - descarregou sobre a coletividade terrestre o carma que a ela competia.
As duas personagens dos exemplos acima, sobejamente conhecidas de todos nós, ilustram bem o fato de que nem sempre o humilde seja involuído, ou que o poderoso da sociedade sempre é evoluído, espiritualmente, para ambos os casos. Não estamos falando de intelectualidade.
Portanto, dentro desta conceituação, o trinômio Reencarnação, Carma e Dever, não pode ser esquecido.
Voltemos à análise de o Servidor.
Os indivíduos posicionados nessa categoria ocupam-se das atividades que não exigem grandes esforços de raciocínio. São as atividades repetitivas, como nas fábricas de produtos mais simples, nos trabalhos mais rudes das construções de prédios, da lavoura e carregadores em geral, além de outras atividades.
Esse mal remunerado trabalho que faz o indivíduo passar por cansativos esforços físicos, em situações, às vezes, as mais inóspitas, vai lhe despertando o desejo de lutar por alcançar melhores posições na sociedade.
Preso dessa insatisfação, seu raciocínio começa a buscar especializações profissionais que possam proporcionar melhores condições de trabalho e remuneração.
Esforçando-se para isso, distancia-se cada vez mais da indolência silvícola e galga promoções, de encarnação em encarnação, que o posiciona na qualidade de operário categorizado. Mas o irresistível fluxo ascendente de vida não o deixa sentir-se contente. Uma vez melhor remunerado acende nele o desejo de riqueza. Possuir mais. Principalmente sob a pressão dos meios de publicidade que exibem decantadas belezas em propostas de falsas facilidades para o adquirir isso, ou aquilo.
Porém, na condição de operário, mesmo categorizado, se vê limitado pelas vontades do patrão, e toda aquela ilusão mercantilista que o seduz continua fora do seu alcance. Insatisfeito, sente lhe despertar uma idéia, que ele qualifica de magnífica: tornar-se seu próprio patrão. Trabalhar por conta própria.
Essa idéia doura-lhe os sonhos e o faz imaginar que assim fazendo ficará mais próximo das facilidades e comodidades que deseja adquirir. Esses pensamentos tomam sua mente por todos os dias, e ele passa a perseguir tal realização.
De encarnação em encarnação vai se sentindo cansado, e cada vez mais dedica esforços para deixar aquele degrau no qual se sente oprimido. O ilusório domina-o completamente. E só um objetivo ele tem em mente: Ser como os que se mostram destacados na sociedade.
Nesse ponto, o indivíduo está pronto a passar ao degrau seguinte.
Esse fato que citamos nos leva a observar que deste esse início do transitar pela sociedade humana, a Mônada já demonstra preferência pelo ilusório. Acima falamos só do atrativo da riqueza, porém, outros estímulos a levam rumo aos desastres maiores. Apegando-se ao ilusório, e não o obtendo, frustrado o indivíduo se deixa arrastar pelos descaminhos do alcoolismo, prostituição e um sem número de delitos marginais.
Continuaremos na próxima apostila.

Bibliografia:
Autor Título Editora

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - questões 166 a 196 - 536 a 540 - 614 a 957 - Livraria Allan Kardec Editora
Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 5 e capítulo 8 item 5/7 - Livraria Allan Kardec Editora
André Luiz/Francisco C. Xavier - Missionários da Luz - páginas 223 - Federação Espírita Brasileira
Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - página 62 - Editora Pensamento
Annie Besant - Um Estudo sobre a Consciência - página 119 - Editora Pensamento
Arthur E. Powell - O Corpo Causal e o Ego - Editora Pensamento
Áureo/Hernani T. Santana - Universo e Vida - Federação Espírita Brasileira
Bot Toben e Fred Alan Wolf - Espaço-Tempo e Além - páginas 16, 41 e 107 - Editora Cultrix
Charles W. Leadbeater - Compêndio de Teosofia - páginas 13 e 19 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - Volumes I - II e V - Editora Pensamento
Manoel P Miranda/Divaldo Franco - Painéis da Obsessão - página 7 - Livraria Espírita Alvorada Editora
Pietro Ubaldi - A Grande Síntese - Página 72, 95 e 243 - Livraria Allan Kardec Editora
Revista Veja - Edição 1915 - 27 de Julho de 2005 - página 103 - Editora Abril


Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Agosto de 1996
Revisão Outubro de 2005