sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Serie A Criatura 24/28


A CRIATURA



A descrição dessa intrigante viagem de nossa Mônada viajora, aquela tímida e inexpressiva figurinha quando em seus passos iniciais no plano Monádico, atingiu o ponto culminante na apostila anterior. Nossa Mônada chegava ao nível evolutivo máximo possível nesta Terra densa, dentro do atual ciclo.
Antes de prosseguirmos com os comentários, re-analisando o período de sua trajetória humana neste planeta, apreciação que não podemos dispensar, pois que ela nos dará a visão global dessa transmutação, apresentaremos a figura a seguir na qual veremos toda a viagem evolutiva empreendida por essa aventureira. A consciência de cada um.
Olhar essa figura é como olhar uma coletânea de fotografias próprias. Daquelas que existem em todas as famílias quando os pais, entusiásticos, vão colecionando as fotos dos filhos à medida em que eles crescem.
Na figura está todo o passado da criatura vivente na Terra. Olhando-o, e reflexionando em suas experiências, podemos muito bem imaginar quão venturoso será o futuro.
Já evoluiu-se tanto. E nessa expansão constante, as dimensões universais que hoje ainda parecem intransponíveis, se tornarão vielas que a criatura cruzará num piscar de olhos.
Mas não serão as dimensões a encolher, e sim o indivíduo a crescer. Daí, os passos, miudinhos de início, se agigantarão. Com os pés sobre um planeta dará as mãos a outro seu igual postado em outra esfera. O universo ficaria pequeno. E´ por isso que ele também expande, já diz a ciência, por que senão, como iria comportar tantos e tantos gigantes.
Só mais uma informação antes de olharmos nosso passado. Em 1979 tivemos a felicidade de conhecer o livro A Grande Síntese, obra inspirativa canalizada por Pietro Ubaldi. Estudá-lo foi a porta que se nos abriu, descortinando o ilimitado horizonte da metafísica. O primeiro degrau. Foi a partir dele que, também por inspiração, demos início ao estudo que ora se faz, bem como a idealização desta figura. Vamos a ela.
Ponto "A" na figura, foi o momento da partida, o despontar da centelha de vida;
ponto "B", chegada e vivenciamento no reino mineral da Terra, (apostila 12);
ponto "C", regresso ao plano Astral onde fortalece o protótipo de seu corpo Astral;
ponto "D", retorna à Terra física, agora ao reino Vegetal, (apostila 12);
ponto "E", tendo passado por toda a escala de espécies vegetais, retorna ao plano Astral, consolidando ainda mais o protótipo do corpo Astral. Agora contendo amostra das sensações;
ponto "F", outra vez volta à Terra física para, no reino Animal e passando por todas as espécies, dirigir organismos mais complexos, (apostila 13);
ponto "G", o grande momento, quando, despertando no plano Mental Superior, atinge a condição de Individualidade;
ponto "H", naquele plano dá início à formação do que será o seu corpo Causal, condição para dar seguimento à extensa viagem, (apostila 14);
ponto "I", desce ao Mental Inferior dando partida à formação do corpo Mental, (apostila 15);
ponto "J", segue ao Astral ativando ainda mais o protótipo do corpo Astral, dando ao mesmo o princípio da forma humana;
ponto "K", retorna ao Mental Superior e consolida ainda mais o corpo Causal com vistas ao novo tipo de jornada a ser empreendida;
ponto "L", segue ao Mental Inferior e ativa um pouco mais o corpo Mental, pois agora suas ações estão sendo feitas no reino Elemental, (apostilas 17 e 18);
ponto "M", por reflexo das providências acima, também o corpo Astral mais se anima;
ponto "N", vencendo o tempo no reino Elemental retorna ao plano Mental para novos preparativos e dinamizações do corpo Mental;
ponto "O", assim constituído, o corpo Astral também já possui em definitivo as características humanas o que permitirá o passo seguinte;
ponto "P", inicia a fase humana e nesta, durante longérrimos milênios, fortificará os corpos Mental e Astral, (apostila 19):
ponto "Q", encerra a fase humana recolhe-se ao plano Mental.
Agora passa a outro grande momento de sua vida. Com o corpo Mental bem definido e desenvolvido, não necessitará mais dos retornos à vida física. O ciclo agora estará entre o plano Mental e o Astral;
ponto "R", descerá apenas até ao plano Astral, e deste, vencendo a necessidade de permanências nos planos da fase Evolutiva Humana, alçará vôos maiores, "subindo" aos planos da fase Evolutiva Super-Humana, (apostila 15), que na figura representamos com a seta se dirigindo à origem "A". A grande viagem está recapitulada.
Uma vez que através da figura 24A pudemos recapitular a trajetória da consciência nesse largo espaço de tempo que tem passado neste planeta, sigamos agora à análise conceitual de cada uma das fases percorridas como personalidade humana.
Apesar de nas apostilas 21 a 23 ter sido feito comentários dessa fase, torna-se, porém, necessário repassar um pouco mais demoradamente aqueles períodos para se compreender com total clareza porque a consciência vem de habitar, via veículos de manifestação, ambientes como o deste planeta.
Começamos lembrando, como se comentou na apostila 10, que a Mônada tem uma duplicidade de vida. Uma no plano Monádico, do qual não se ausenta nunca, e ali gozando da total integridade de seus poderes, e a outra, alternativamente em algum plano inferior aquele, onde, temporariamente, se manifesta através de um corpo apropriado.
Outro ponto a ficar bem claro é o da necessidade dela "descer" a esses planos de manifestação, como condição insubstituível para evoluir. Portanto, dois pontos que não devem ser esquecidos para se compreender as razões dessa viagem.
O histórico é o seguinte: O plano geral da obra da criação, na parte direcionada à evolução da criatura, ao que nos é dado saber, diz que as centelhas de consciência, em suas condições primárias, início de despertamento, recebem agregados de partículas de matéria em seus raios de vida. (Vide apostilas 10 e 11).
Essa junção resulta no que podemos chamar de agregado dual, ou seja, formado por duas partes distinta; o espírito e a matéria.
Nesse início tudo é muito simples e de pequena expressão volumétrica. Porém, na medida que se transforma evoluindo, a consciência, ao invés de permanecer "perdida" no meio de muitas, e animando só uma partícula, passa a ter um corpo inteiro só para si.
Com outras palavras isso significa o seguinte: no começo de suas experiências na Terra, no reino Mineral, a consciência é agregada a uma única partícula de rocha, por exemplo. Não precisa mais do que isso porque todo o transcurso daquela fase é feito sob inteiro controle de um Deva Grupal. A Alma Grupal.
Transpondo esse reino e passando aos outros, vai se especializando no comando de não mais uma única partícula, aquela que ela animava, mas de várias ao mesmo tempo. Isto é, já é capaz de tomar conta de um pequeno grupo de consciências, inferiores à ela, e que estão animando cada partícula do conjunto geral do qual ela também faz parte. Todavia, ainda sob a tutela de um Anjo Grupal. Até que num belo dia, e toda história tem seu belo dia, nossa amiguinha toma sob seu exclusivo cuidado a direção de um corpo inteiro.
Como se vê, já é alguma coisa mais importante. Mas, raciocinemos, o que é um corpo ? Não é o aglomerado de muitas partículas que chamamos moléculas ? E essas partículas são alguma coisa amorfa, sem vida ? Não ! Cada partícula, por mais ínfima que seja, e não importa a que reino pertença, tem em si uma conscienciazinha ali trabalhando.
Pietro Ubaldi, em A Grande Síntese, à página 95, editado pela Livraria Allan Kardec Editora, cita que "Cada individualidade resulta composta de individualidades menores (...)".
André Luiz, espírito, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, em seu livro Missionários da Luz, página 223, editado pela Federação Espírita brasileira, conta que "O homem do futuro compreenderá que as suas células não representam apenas segmentos de carne, mas companheiras de evolução, (...)".
Annie Besant, em seu livro Um Estudo sobre a Consciência, página 119, editado pela Editora Pensamento, assim relata:"Cada célula no corpo é composta de miríades de diminutas vidas, cada uma delas com a sua consciência germinal."
Retornando a Pietro Ubaldi no seu monumental A Grande Síntese, agora à página 243, acrescenta que "Cada célula tem, para isso, a sua pequena consciência, que preside ao seu recâmbio em todos os tecidos, em todos os órgãos."
Manoel Philomeno de Miranda, espírito, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, em seu livro Painéis da Obsessão, página 7, editado pela Livraria Espírita Alvorada Editora, assim se expressa quanto ao mesmo tema: "São bilhões de seres microscópicos, individualizados, trabalhando sob o comando da mente, (...)".
Os trechos acima, vindos de autores renomados e de autêntica credibilidade, explicitam sobre o lado oculto das partículas que compõem os corpos, revelando que cada uma delas, aos bilhões em cada corpo, é uma consciência em despertamento, comandadas por uma consciência maior, aquela que anima todo aquele corpo.
Assim sendo, a Mônada atingindo o portentoso nível da chamada condição humana de vida, toma o comando geral de um corpo só para si. O que, dentro da visão metafísica, ela está assumindo o controle de incontáveis outras consciências em estado inicial de despertamento, que, por isso mesmo, estão primitivamente agregadas às partículas que formam aquele corpo que lhe serve.
E´ complicado compreender o que acima ficou comentado ? Nem tanto assim. Pode haver alguma dificuldade para a compreensão, entretanto, estamos falando apenas sobre o encadeamento que a vida, como um todo, impõe a todas as criaturas. A interdependência de uns pelos outros.
Os grandes são formados pelos pequenos, que, por sua vez, são amontoados dos pequenininhos, e os pequenininhos ........ e a escala segue cada vez menor. Até quanto, não sabemos. Mas é assim que nos ensinam os inspiradores de A Grande Síntese, à página 95, citada acima.
Nesse encadear de ações, a consciência não só progride, como também impulsiona, com sua influência, o progresso daquele enorme contingente microscópico que lhe estrutura o corpo que usa. Mesmo porque, em tempos idos, essa Mônada condutora de hoje, já foi uma conscienciazinha conduzida, igual às tantas que agora conduz. Isso tudo faz parte da Lei das Atrações, que determina que embora distintas, consciência e matéria, terão, todavia, que se aproximar. "São distintos, mas é necessário a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta." (Pergunta 25 de O Livro dos Espíritos).
Daí, portanto, se constitui a irresistível necessidade que a consciência "sente" de "descer" à matéria. Ou seja, sua evolução depende do sucesso que obtiver nas vivências em contato com a matéria. Do domínio que sobre esta estabelecer, pois em si a matéria é composta de moléculas contendo miríades de consciência evoluindo por força da atração que a consciência evoluída exerce sobre elas.
Por isso, no início da viagem evolutiva precisam das Almas Grupais. Mais tarde, possuidoras dos recursos que a inteligência proporciona, já podem, por si mesmas, se autoconduzirem. Além disso, essa necessidade irrecusável de "descer" aos planos inferiores, é o irresistível fluxo de vida que a todos arrasta em direção ascensional.
Mas, e toda história também sempre tem um mas, aí começa a tragédia. Uma vez na matéria de nosso plano, e usando dos atributos de uma individualidade, quais sejam, inteligência e livre escolha, não apura de início sua vista. Isto é, o discernimento. Com a "vista descuidadamente turva", não faz distinção entre o que é real do que é ilusório, deixando-se arrastar pelas aparências. Dá mais valor ao ilusório que ao realístico.
Em virtude desse desvirtuamento medidas corretivas são tomadas para reverter os rumos que seguiam numa direção perigosa. Tais medidas tomam os nomes de dor, enfermidade, infelicidade, desilusão.
São estes instrumentos de que se servem os Administradores Cósmicos para chamarem os discípulos de "volta à casa do Pai", o ponto "A" da figura 24A. Entretanto, esclareçamos: estes instrumentos são de aplicação automática, feita pela própria consciência sobre si mesma. Não se tratam de aplicações penais, tipo tribunal, julgamento e sentença. Não.
A figura que representamos aqui ao lado demonstra o indivíduo caminhando por suas próprias pernas sempre na direção ascensional. Todavia, dado aos desviamentos, em certo momento do trajeto terá de defrontar-se com o portão do Carma e do Dever, em reencarnações sucessivas, e nestas acertar-se consigo mesmo.
Ao fundo da figura, simbolicamente, a fonte de irresistível atração, e, como vemos, não há nenhum outro caminho que permita atingi-la, a não ser passando pelo "pórtico" seletor.
Para o Cosmo, não importa o tempo que o indivíduo consumirá para percorrer esse trajeto, até porque, para o Cosmo, tudo é um eterno Presente. Ao indivíduo, sim, competirá decidir a velocidade de seus passos, que serão progressivamente mais rápidos na medida em que se sentir cansado das ilusões da matéria.
Uma ilusão que a própria ciência terrestre já começa a dar seus sinais de que, realmente, tudo o que tocamos e vemos é produto da incapacidade dos nossos sentidos de registrar o REAL acontecimento.
Exemplo seguindo a figura 24B: o que aos nossos sentidos se parece sólido é, na verdade, um aglomerado de átomos movimentando-se vertiginosamente. Nesse vertiginoso movimento ocupam espaços sucessivos, provocando a ilusão do sólido.
O exemplo continua: por sua vez o átomo não é uma esfera sólida. O vemos ampliado no segundo quadro da figura. Ele é composto por um núcleo e elétrons que giram em torno desse núcleo.
O núcleo também não é um sólido. Ampliado no terceiro quadro da figura, vemos que ele é composto por prótons e nêutrons. E assim, prossegue a escala de componentes cada vez tendendo ao infinitamente pequeno.
Tudo isso já é do conhecimento de qualquer adolescente cursando as noções de ciências básicas. Agora, quanto à ciência acadêmica, esta, também dá sua contribuição afirmando que o Universo que habitamos, na forma que o vemos e sentimos, é resultado da incapacidade dos nossos sentidos. Daí o nome ilusão que, desde as mais antigas instruções metafísicas vindas das religiões orientais é chamada de Maya.
Quanto à citação da ciência acadêmica para essa questão, fazemos referência a Alain Aspect, francês, e David Bohm, inglês. O primeiro fez a constatação de que as partículas subatômicas, digamos o elétron, comunicam-se instantaneamente uma com outra, mesmo que estejam separadas por astronômicas distâncias. Diz Alain: "Mesmo que a distância que as separa seja de bilhões de quilômetros, de alguma maneira uma partícula sempre sabe o que a outra está fazendo."
Em conseqüência da descoberta de Alain, David Bohm concluiu que, como já diziam as ciências do Oculto das religiões orientas, "o universo não é o sólido que pensávamos".
Não iremos detalhar, aqui, as temáticas de Alain Aspect e David Bohm. São complexas, como não poderiam deixar de ser, e foge ao propósito deste trabalho. Entretanto, a literatura mais atualizada das ciências quânticas traz todas essas informações. Aos que se interessarem...
Voltemos, então, à viagem de nossa Mônada, ingressada nesta, aparente, complexidade existencial. Contudo, a seqüência dessa descrição a faremos nas próximas apostilas, quando a encontraremos na condição de personalidade humana.
Veremos as forças que na primeira metade da fase do ciclo humano a prendem à matéria, e as outras que na segunda metade, desse mesmo ciclo, vai libertando-a do jugo da ilusão. Como diria Lao-Tsé: o jugo dos desejos humanos.
Nossa descrição abrangerá desde o raiar junto às civilizações primitivas, indo até ao ápice da compreensão da verdadeira função da vida na Terra: Atingir a Unidade que, neste planeta toma as feições de fraternidade. A grande recomendação messiânica de Jesus: "Amai-vos uns aos outros".


Bibliografia:
Autor Título Editora

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - questões 166 a 196 - 536 a 540 - 614 a 957 - Livraria Allan Kardec Editora
Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 5 e capítulo 8 item 5/7 - Livraria Allan Kardec Editora
André Luiz/Francisco C. Xavier - Missionários da Luz - páginas 223 - Federação Espírita Brasileira
Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - página 62 - Editora Pensamento
Annie Besant - Um Estudo sobre a Consciência - página 119 - Editora Pensamento
Arthur E. Powell - O Corpo Causal e o Ego - Editora Pensamento
Áureo/Hernani T. Santana - Universo e Vida - Federação Espírita Brasileira
Bot Toben e Fred Alan Wolf - Espaço-Tempo e Além - páginas 16, 41 e 107 - Editora Cultrix
Charles W. Leadbeater - Compêndio de Teosofia - páginas 13 e 19 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - Volumes I - II e V - Editora Pensamento
Manoel P Miranda/Divaldo Franco - Painéis da Obsessão - página 7 - Livraria Espírita Alvorada Editora
Pietro Ubaldi - A Grande Síntese - Página 72, 95 e 243 - Livraria Allan Kardec Editora
Revista Veja - Edição 1915 - 27 de Julho de 2005 - página 103 - Editora Abril

Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Agosto de 1996
Revisão Outubro de 2005