quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Série A Criatura 15/28


A CRIATURA


A apostila anterior, ao falar das portentosas organizações existentes nos planos espirituais, transformadoras de vida, mexeu com os brios humanos de orgulhosos técnicos, por nos imaginar muito capazes só porque construímos máquinas que nos causam admiração. Por isso, quando deparamos com as referências de textos de Áureo e André Luiz, contando da poderosa hierarquia parteira de consciências, nosso orgulho foi ao chão. Merecidamente. Quem somos, afinal, senão ainda meras criaturas pequenas nesse maravilhoso cosmo.
Entretanto, antes de prosseguir com nossos comentários sobre a complexa operação de individualização da criatura, consideramos necessário repetir que embora seja grande o nosso indisfarçável entusiasmo pela grandiosidade sideral, a linguagem usada nestas apostilas é pobre face ao restringimento que sofre o vocabulário humano quando se trata de descrever o imensurável.
Também os desenhos que ousamos apresentar são simplesmente orientativos, posto que na realidade dos acontecimentos há complexa atividade, das quais participam Seres Potentíssimos e Inteligentíssimos usando equipamentos sofisticadíssimos. (Desculpem o superlativo dos termos, mas não há outra maneira em que possa me expressar).
Essas Criaturas atuam, e têm suas moradas, nas esferas do pensamento abstrato: Mental Superior, Buddhi e Atma, longínquas demais para que nosso nível intelectivo da atualidade possa ter o completo entendimento delas. Só podemos ter, daquelas regiões, uma referência de existência. Portanto, dado a essas impossibilidades, nossos desenhos e linguagem continuarão carentes de melhor expressão.
O CORPO CAUSAL
Na apostila 14, com a representação das figuras 14A a 14C, comentamos sobre a mudança da Mônada deixando o reino Animal e transmutando-se para a individualidade. Todavia, como naquela informamos, a respectiva análise continuaria nesta, pois naquele espaço precisávamos comentar algumas citações bibliográficas com o fim de mostrar que o processo de transmutação do reino Animal à individualidade, transcorre cercado de refinadíssimos cuidados. Feito isso, podemos voltar aos nossos comentários.
A figura ao lado é a seqüência da figura 14C, da apostila 14. Nela vemos a representação simbólica do Corpo Causal que se situa, e é habitante do plano Mental Superior.
Relembrando daquele transformismo, vimos que no transcurso do acontecimento desenvolve-se um vórtice centrado no aspecto ATIVIDADE, situado, este também, no plano Mental Superior. (Vide apostila 10).
Esse vórtice vai agregando em si as substâncias daquele plano para, daí, consolidar o corpo Causal. E é fundamental a formação desse corpo, pois só a partir de sua existência é que se torna possível existir o indivíduo.
Antes de sua formação a Mônada vive anonimamente agrupada com outras nos reinos inferiores da natureza. A partir desse transformismo, tornando-se uma individualidade, cada Mônada deixa o anonimato. Torna-se um Ser responsável.
Para descrever o acontecimento, além das citações da apostila 14, acompanharemos o eminente pesquisador teosófico, Arthur E. Powell, em textos de sua autoria, contidos no livro O Corpo Causal e o Ego, página 66, editado pela Editora Pensamento.
Ele principia dizendo que "(...) o processo de individualização não deve ser concebido como mera fabricação de uma forma ou receptáculo, (...) O fenômeno real é mais parecido com a construção do sistema solar a partir da nebulosa."
Powell diz que o fenômeno de fixação da individualidade inicia-se a partir de um movimento de substâncias, movimento esse, como vimos, provido pelo fluxo monádico descendente, que, entretanto, tem a aparência da evolução formativa de um sistema solar. Para nos apoiarmos numa imagem do que ele nos conta, basta rever as apostilas 02 e 03, e nas figuras daquelas visualizar o feito.
Na continuação da descrição Powell informa que surge, primeiro, uma ligeira névoa que vai se adensando. Por enquanto ainda sem forma. Depois de algum tempo há o início do delineamento de forma. Pelo que ele descreve imagina-se que nesse delineamento de forma há muita luminosidade, pois conta que é parecido com a formação de um sistema planetário.
Powell segue sua descrição dizendo que é nessa modalidade que se torna possível ao espírito investir-se de sua individualidade. Apesar de ser muito subjetiva a narrativa de Powell, contudo dá uma idéia dessa formação. Imagino que seria dizer que, de um algo imponderável para com os planos de manifestação, desde Átma até o Físico, a partir daquela formação vorticosa o imponderável se torna ponderável. Torna-se manifestado, não mais como um ente coletivizado numa espécie, mas individualizado. Isto é, um ente à parte de toda a demais criação. Embora desta não separada, é bom que se frize. E´ o início do psiquismo.
Mas esclarece que nesse início ainda não é um ente completo. Aliás, na Natureza Universal, todos os surgimentos são incompletos. Aparecem, de alguma forma, e com o decorrer dos evos, vão se transformando em coisas maiores e mais complexas. E ao que parece, essa evolução para a complexidade e para o aperfeiçoamento, é infinita. Tanto para os seres quanto para tudo o mais que existe manifestado.
Ao lerem a descrição de Powell diretamente em seu livro acima indicado, naturalmente que, como eu, também, gostariam que ela fosse mais detalhada. Por exemplo, como se fôssemos descrever a formação fetal de um corpo humano. Porém, convenhamos, qual o escritor capaz de, na linguagem da Terra, descrever, compreensivelmente, os mistérios do Céu ?
Por essa natural dificuldade sempre esbarraremos com narrativas subjetivas. E não é para menos, pois tudo isso só conseguimos assimilar no âmago de nossa alma. As palavras, estas... quase nada dizem.
Todavia, numa tentativa de interpretar a descrição feita por Powell, confeccionamos a figura abaixo.
Singela e muito imperfeita na forma, contudo a fizemos para dar uma idéia-imagem. Nela vemos as forças vorticosas em movimento centrípeto, conforme assim fala Powell se referindo à nebulosa da constituição planetária. Forças que puxam para o centro. Essas forças, girando, consolidam um núcleo que, posteriormente, outras substâncias a ele se agregarão.
De início é apenas movimento (Etapa 1 da figura). O movimento prossegue crescente, (etapas 2 e 3), e depois de um tempo que não sabemos precisar, ligeira névoa (etapa 4) centrada começa a se formar. São as substâncias se acumulando ao núcleo, imantando-se num campo magnético de forma ovóide.
Esse núcleo, à proporção que mais substâncias a ele se juntam, vai crescendo, (etapas 5, 6 e 7), até que, finalmente, esteja definido o veículo a ser usado pela Mônada no plano Mental Superior (etapa 8), o corpo Causal. E não só isso, definiu-se, também, a condição para que aquela Mônada, daqui por diante, transite livre e individualmente por todos os evos da evolução.
Um outro gigante pensador também visualizou a imponência desse fenômeno, e tentou descrevê-lo. Foi Pietro Ubaldi, e a narrativa está no seu livro A Grande Síntese. (Páginas 50, 70, 98 e 192, l0ª Edição, 1976, Livraria Allan Kardec Editora). Contudo, apesar de inspiradíssimo, também esbarrou com a insuficiência da linguagem para claramente expressar o que relatava. Além disso, comparando-se os textos teosóficos com os de Ubaldi constata-se que este confundiu a formação do corpo Causal com o que supunha ser o "nascimento" da centelha monádica, ou o Espírito. Aquele fenômeno inerente ao 2º Logos.
Porém, considerando-se isoladamente a fase evolutiva Humana, separando-a da fase Super-Humana como se esta não existisse, - vide figura 15A na folha 1 - não resta dúvida de que o corpo Causal pode ser comparado a uma espécie de espírito menor. Espírito menor para administrar a fase evolutiva Humana, razão porque ele vem de ser o implantador e fixador da individualidade, até então não existente. Daí, compreende-se, então, o modo de descrição de Pietro Ubaldi sobre o fenômeno.
Mas sigamos com nosso comentário.
Doravante a Mônada aperfeiçoando cada vez mais seu corpo Causal estará capacitada a descer às formas materiais que antecedem as formas humanas do planeta. Isto é, corpo Mental e Astral.
Como indivíduo que agora o é, e postada no limiar das raças humanas, inicia, embora ainda sob tutela, a viver os processos experimentais do livre-arbítrio e da responsabilidade, os quais desconhecia por completo.
A fase agora é a inaugural da razão, do pensamento contínuo, e esse transcurso do reino Animal até o reino Hominal não acontece no plano da Terra física, mas sim nos planos espirituais adjacentes. A esse reino que intermedia o reino Animal e o Hominal, poderemos chamá-lo de reino Elemental.
Nele coexistem as Mônadas envergando variadíssimos tipos de corpos que, gradualmente, a cada etapa, vai se aproximando da aparência humana. Tais são os Elementais, espíritos que de futuro se tornarão os espíritos encarnados em corpos humanos na Terra. E´ o nosso ontem mais recente, nessa história de vida. Vê-los-emos na próxima apostila.


Bibliografia:
Autor Título Editora

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 1º Livro caps. 2, 3 e 4 - 2º Livro cap. 1 - Livraria Allan Kardec Editora
André Luiz/Francisco C. Xavier - Ação e Reação - página 87 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco C. Xavier - Evolução em Dois mundos - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco C. Xavier - Obreiros da Vida Eterna - páginas 50 e 51 - Federação Espírita Brasileira
Arthur E. Powell - O Corpo Causal e o Ego - Editora Pensamento
Áureo/Hernani T. Santana - Universo e Vida - páginas 59 e 110 - Federação Espírita Brasileira
Charles W. Leadbeater - A Mônada - Editora Pensamento
Charles W. Leadbeater - Compêndio de Teosofia - páginas 13 e 19 - Editora Pensamento
Edgar Armond - Os Exilados da Capela - Editora Aliança
Emmanuel/Francisco C. Xavier - A Caminho da Luz - Federação Espírita Brasileira
Erich von Daniken - O dia em que os Deuses Chegaram - Editora Melhoramentos
E. Norman Pearson - O Espaço, o Tempo e o Eu - Edição do Autor
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - Volume I págs: 105-118-145-146-177-260-266-268-306-308 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - volume II - páginas 56 e 190 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta - Volume V - páginas 69 e 90 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - Isis sem Véu - Volume III - págs. 41-103-135-136-172-175-176-184 - Editora Pensamento
Helena Petrovna Blavatsky - Isis sem Véu - Volume IV - página 65 - Editora Pensamento
Itzhak Bentov - À Espreita do Pêndulo Cósmico - Editora Cultrix/Pensamento
Itzhak Bentov e Mirtala - Um Livro Cósmico - Editora Cultrix
Pietro Ubaldi - A Grande Síntese - páginas 50, 70, 98, 192 - Livraria Allan Kardec Editora
Ramatis/Hercílio Maes - Mensagens do Astral - Livraria Freitas Bastos
Yvonne A. Pereira - Devassando o Invisível - Federação Espírita Brasileira
Zecharia Sitchin - O 12º Planeta - Editora Best Seller

Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Junho de 1996
Revisão Julho de 2005